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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Arquitetura

A arquitetura do Antigo Egito inclui algumas das estruturas mais famosas do mundo: as Grandes Pirâmides de Gizé e os templos em Tebas. Vários projetos foram organizados, construídos e financiados pelo Estado para fins religiosos e comemorativos, mas também para reforçar o poder do faraó. Os antigos egípcios eram construtores qualificados, usando ferramentas simples mas eficazes e instrumentos de observação, podendo os arquitetos egípcios construir grandes estruturas de pedra com exatidão e precisão.287
As habitações da elite e dos egípcios comuns foram construídas de materiais perecíveis tais como lama, tijolos de adobe e madeira.288 Os camponeses viviam em casas simples, enquanto os palácios da elite foram estruturas mais elaboradas. As cidades egípcias possuíam bairros diferenciados e eram protegidas por muralhas.289 Uns poucos palácios sobreviventes do Império Novo, tais como os de Malqata e Amarna, mostram paredes ricamente decoradas e chão com cenas de pessoas, pássaros, piscinas de água, divindades e design geométrico.290
O bem preservado Templo de Edfu é um dos exemplos da arquitetura egípcia antiga.
Estruturas importantes, como templos e túmulos, que se pretendia que durassem para sempre, foram construídos em pedra em vez de tijolos. Os mais antigos templos preservados do Antigo Egito, como os de Gizé, consistem de simples salões anexos com lajes suportadas por colunas. No Império Novo, os arquitetos adicionaram o pilone, o pátio aberto e anexos salões hipostilos de frente com os santuários dos templos, um estilo que foi padrão até ao período grecorromano.291 Os templos de Karnak e Luxor são dois dos maiores exemplos deste tipo de edificação egípcia. A mais antiga e mais popular tumba arquitetônica do Império Antigo foi a mastaba, uma estrutura retangular de teto achatado construída de tijolos de lodo ou pedra acima de uma câmara funerária subterrânea. A pirâmide de degraus de Djoser, a primeira pirâmides construída, é uma série de mastabas de pedra empilhadas em cima uma das outras; estas possuem simples arquitraves apoiados em motivos de papiros e flores de lótus.292 Foram construídas pirâmides durante o Império Antigo e Médio, mas os governantes tardios abandonaram-nas em favor de tumbas menos notáveis escavadas na pedra.293 No Império Antigo foram construídas dezenas de pirâmides, entre quais as Pirâmides de Gizé, que são uma das Sete maravilhas do mundo antigo.138 294 As pirâmides eram formadas por blocos de pedra de três toneladas, as quais eram cortadas com cunhas de madeira e depois eram arrastadas para cima em rampas sobre trenós.288 Os interiores das pirâmides foram construídos dispondo-se um tipo de labirinto onde se era depositado o túmulo faraônico em uma câmara secreta para evitar saqueadores.278

Tecnologia e ciência

O Antigo Egito atingiu níveis de sofisticação e produtividade relativamente altos na tecnologia, medicina e matemática. As primeiras manifestações de empirismo tradicional ocorreram no Egito, como é evidenciado pelos papiros de Edwin Smith no Ebers (1 600 a.C.), e as raízes do método científico podem também encontrar-se entre os antigos egípcios.295

Faiança e vidro

A produção vítrea foi uma indústria desenvolvida.
Mesmo antes do Império Antigo, os egípcios antigos desenvolveram um material vítreo conhecido como faiança, que eles tratavam como um tipo de pedra artificial semipreciosa. A faiança é uma cerâmica feita de sílica, pequenas quantidades de cal e soda, e um colorante, tipicamente cobre.296 O material foi usado para fazer miçangas, telhas, figurinhas, e pequenas peças cerâmicas. Vários métodos podem ser usados para criar faiança, mas a produção tipicamente envolve aplicações de materiais pulverizados na forma de uma pasta mais um núcleo de argila, a que foi ateado fogo. Por uma técnica relacionada, os egípcios produziram um pigmento conhecido como azul egípcio, também chamado frita azul, que é produzido por fusão (ou sinterização) de sílica, cobre, cal, e um material alcalino como o natrão. O produto pode ser triturado e usado como um pigmento.297
Os antigos egípcios sabiam fabricar objetos de vidro com grande habilidade, fato comprovado pela grande variedade de objetos cotidianos e de adorno encontrados em tumbas e pela recente descoberta de uma fábrica de vidro, no entanto não é claro se eles desenvolveram o processo independentemente.298 É também pouco claro se fizeram seu próprio vidro bruto ou meramente importaram lingotes pré-feitos, que derreteram e finalizaram. No entanto, tinham conhecimento técnico para fazer objetos, bem como para adicionar sais minerais para controlar a cor do vidro final. Eram produzidos em diversas cores, incluindo amarelo, vermelho, verde, azul, roxo, e branco, e o vidro podia ser transparente ou opaco.299

Medicina

Instrumentos médicos, representados numa gravura do Templo de Kom Ombo do período Ptolomaico.
Os problemas médicos dos antigos egípcios estavam diretamente relacionados com o meio ambiente. Viver e trabalhar perto do Nilo envolvia riscos de malária e de esquistossomose provocada por um parasita debilitante que causa danos ao fígado e intestino. Perigosos animais selvagens como crocodilos e hipopótamos também foram uma ameaça comum. O trabalho vitalício na agricultura e em construções provocava stress na coluna vertebral e articulações, e ferimentos traumáticos na construção e na guerra tiveram impacto significativo na saúde de muitos egípcios. Cascalho e areia usados para moer farinha desgastava os dentes, deixando-os suscetíveis a abscessos (embora cáries fossem raras).300 A dieta dos ricos foi rica em açúcar, o que provocou periodontite.301 Apesar da lisonjeira retratação do físico nas paredes dos túmulos, o excesso de peso de muitas múmias da classe alta mostra os efeitos de uma vida de excesso.302 A expectativa de vida dos adultos foi de 35 para os homens e 30 para as mulheres, mas muitos jovens não chegavam a atingir a maioridade, pois aproximadamente um terço da população morria na infância.303
Os médicos egípcios foram renomados no Oriente Próximo por suas habilidades curativas, e alguns, como Imhotep, mantiveram a sua fama muito para além da sua morte.304 Heródoto comentou que havia um alto teor de especialização entre os médicos egípcios, com alguns tratando só a cabeça ou o estômago, sendo outros oculistas e dentistas.305 Os lugares de formação dos médicos, chamados Per Ankh ou "Casas de Vida", eram áreas de templos que funcionavam como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam textos. Conhece-se a existência de tais instituições em Bubástis no Império Novo e em Abidos e Saís na Época Baixa. Os papiros médicos egípcios evidenciam conhecimentos empíricos de anatomia, doenças, e tratamentos práticos.306
Os egípcios foram os primeiros a afirmar que as doenças têm causas naturais, o que os motivou a produzir medicamentos para combatê-las. Os egípcios produziram a primeira farmacopeia conhecida. Entre os medicamentos podem-se citar ervas medicinais, sangue de lagartos, fezes animais, leite de mulher grávida e livro velho fervido.307 147 Feridas foram tratadas por bandagem com carne crua, linho branco, suturas, redes e cotonete encharcado com mel para evitar infecções,308 enquanto ópio foi usado para aliviar a dor. Alho e cebola foram usados regularmente para promover boa saúde e acreditava-se que aliviavam os sintomas de asma. Os cirurgiões egípcios antigos costuravam feridas, colocavam braços quebrados no lugar, e amputavam membros doentes, mas também reconheceram que alguns ferimentos eram tão graves que a única coisa a fazer era confortar o paciente até sua morte.309
A previsão do futuro era praticada através da interpretação dos sonhos. Foi encontrado um papiro com uma relação de sonhos e interpretações.310

Construção naval

Os egípcios sabiam como juntar tábuas de madeira para construir cascos de navios pelo menos desde 3 000 a.C. O Instituto Arqueológico da América relatou que alguns dos mais antigos barcos alguma vez desenterrados são os chamados barcos de Abidos, um grupo de 14 navios descobertos em Abidos pelo egiptólogo David O'Connor da Universidade de Nova Iorque. Foram construídos com tábuas de madeira que foram "costuradas" juntas. Foram encontradas alças de tecido usadas para manter as tábuas juntas, e para selar as costuras entre as tábuas, aquelas eram cheias com papiro (junco) e grama.9 Devido ao fato de todos os navios estarem enterrados juntos perto da casa mortuária do faraó Khasekhemui (m. 2 686 a.C.), originalmente pensou-se que lhe teriam pertencido, mas uma das embarcações foi datada de 3 000 a.C. e jarros de cerâmica enterrados associados com os navios também sugerem datação mais antiga. O navio datado de 3 000 a.C. tem 23 metros de comprimento e atualmente acredita-se que possivelmente terá pertencido a outro faraó mais antigo. De acordo com O'Connor, ele pode ter pertencido ao faraó Aha.311
Os antigos egípcios também sabiam como juntar tábuas de madeira com cavilhas de madeira para firmá-las juntas, usando breu para calafetar as juntas. O "Navio de Quéops", uma embarcação de 43,6 metros selado em um poço na Complexo das Pirâmides de Gizé ao pé da Grande Pirâmide na IV dinastia em torno de 2 500 a.C., é um sobrevivente completo que pode ter cumprido a função simbólica de uma barca solar. Os antigos egípcios também sabiam como prender as tábuas do navio juntas com peças encaixáveis (caixa e espiga).9 Apesar da capacidade dos egípcios antigos para construir barcos muito grandes e para facilmente navegarem ao longo do Nilo, eles não foram conhecidos como bons marinheiros e não se envolveram em amplas expedições marítimas nos mares Mediterrâneo ou Vermelho.312 313 314

Matemática

Porção do Papiro de Rhind.
Côvado egípcio.
Os antigos egípcios utilizavam seus conhecimentos para resolver problemas como controle das inundações, construção de sistemas hidráulicos, preparação da terra para a semeadura, mumificação de cadáveres, etc.315
Os primeiros exemplos atestados de cálculos matemáticos são datados do período pré-dinástico Naqada, e mostram um sistema numeral totalmente desenvolvido.316 A importância da matemática para um egípcio educado é sugerido por uma carta ficcional do Império Novo em que o escritor propõe uma competição acadêmica entre ele e outro escriba nas tarefas diárias, tais como cálculo de contabilidade de trabalho, terra e grãos.317 Textos como os papiros de Rhind e o de Moscou mostram que os antigos egípcios podiam realizar as quatro operações matemáticas básicas – adição, subtração, multiplicação e divisão, – usavam frações, calculavam volumes de caixas e pirâmides, e calculavam áreas de retângulos, triângulos, círculos e até mesmo esferas. Eles entendiam os conceitos básicos de álgebra e geometria, e podiam resolver conjuntos simples de equações simultâneas.318
A notação matemática era decimal, com base em sinais hieróglifos para cada potência de dez até um milhão. Cada um desses símbolos poderia ser escrito tantas vezes quanto necessário para somar o número desejado. Por exemplo, para escrever o número 880 o símbolos de dez e cem eram escritos oito vezes, respectivamente.319 Por seus métodos de cálculo não poderem lidar com frações com numerador maior que um, as frações dos antigos egípcios eram escritas como a soma de várias frações. Por exemplo, a fração 25 (dois quintos) era representada pela soma de 13 (um terço) com 115 (um quinze avos), o que era facilitado pela existência de tabelas.320 Algumas frações comuns, porém, eram escritas com um hieróglifo especial; existia, por exemplo um hieróglifo para representar 23 (dois terços).321
A proporção áurea parece refletir-se em muitas construções egípcias, incluindo as pirâmides, mas seu uso pode ter sido uma consequência não intencional da prática egípcia de combinar o uso de cordas com nós com um senso intuitivo de proporção e harmonia.322 Os matemáticos egípcios antigos compreendiam os princípios subjacentes ao teorema de Pitágoras, sabendo, por exemplo, que um triângulo tinha um ângulo reto oposto à hipotenusa quando seus lados estavam em uma proporção 3-4-5. Eles eram capazes de estimar a área de um círculo, subtraindo um nono de seu diâmetro e elevando ao quadrado o resultado, o que é uma aproximação razoável da fórmula πr 2:323 324
23 em hieroglifos é
D22
Área ≈ [(89)D]2 = (25681)r2 ≈ 3.16r2

Astronomia e química

A astronomia teve grande importância religiosa, pois era por meio dela que os egípcios determinaram datas de festas religiosas. Com a observação dos astros e enchentes, os egípcios desenvolveram um calendário,142 onde o primeiro dia do ano é o primeiro dia das cheias.140 O calendário egípcio possuía 365 dias divididos em 12 meses de 30 dias; os dias possuíam 24 horas, no entanto, uma hora egípcia variava de acordo com as estações agrícolas. O ano era dividido em três períodos de quatro meses: inundações (julho a outubro), plantio (novembro a fevereiro) e colheita (março a junho).168 Além disso, os egípcios tinham conhecimento de alguns planetas, e agrupavam as estrelas que conheciam em constelações, produzindo mapas astronômicos.307 310
A palavra química vem do egípcio Kemi, que significa "terra negra". Para fins medicinais, composições simples, pintura e decoração pessoal os egípcios utilizaram de substâncias químicas como arsênio, cobre, petróleo, alabastro, calcário, carvão, hematita, óxido de ferro, azurita, malaquita, cobalto, sal, sílex moído, mercúrio, etc.325 Alguns dos papiros descobertos ao longo das escavações no Egito contêm diversas receitas químicas que incluem: testar a qualidade ou purificar metais, formar ligas, imitar metais preciosos ou pérolas, produzir pigmentos.326

Legado

A cultura e monumentos do Antigo Egito, deixaram um legado duradouro para o mundo. Algumas práticas religiosas egípcias (circuncisão, práticas esotéricas e ocultistas e certas concepções do Além) são características visíveis em certas crenças atuais. Algumas palavras (como química) e expressões (como anos de vacas magras) são de origem egípcia, além de terem sido eles os inventores do ancestral do papel, o papiro.307 327 Também contribuíram com alguns símbolos da alquimia, como a serpente ouroboros e a fênix.328 329 330 331
Turistas montados em um camelo na frente da Pirâmide de Quéfren. As Pirâmides de Gizé são um dos pontos turísticos mais populares do Egito.
O culto da deusa Ísis, por exemplo, tornou-se popular no Império Romano, com obeliscos e outras relíquias sendo transportadas para Roma.332 Os romanos também utilizavam materiais de construção importados do Egito para erguer estruturas em estilo egípcio. Os primeiros historiadores como Heródoto, Estrabão, Diodoro Sículo estudaram e escreveram sobre a terra que passou a ser vista como um lugar de mistério.333
Durante a Idade Média e Renascimento, a cultura pagã egípcia entrou em declínio após a ascensão, primeiro do Cristianismo e depois do Islã, mas o interesse na antiguidade egípcia continuou nos escritos de estudiosos medievais muçulmanos como Dhul-Nun al-Misri e al-Maqrizi.334 Nos séculos XVII e XVIII, viajantes e turistas europeus trouxeram de volta as antiguidades e escreveram histórias de suas viagens, levando a uma onda de egiptomania em toda a Europa. Esse interesse renovado enviou coletores para o Egito, que levaram, compraram ou foram presenteados com muitas antiguidades importantes.335
Embora a ocupação colonial europeia do Egito tenha destruído uma parte significativa do legado histórico do país, alguns estrangeiros tiveram atuações mais positivas. Napoleão, por exemplo, organizou os primeiros estudos em egiptologia quando ele levou cerca de 150 artistas e cientistas para estudar e documentar a história natural do Egito, que foi publicado na Description de l'Égypte.336
No século XX, o governo egípcio e os arqueólogos reconheceram a importância do respeito cultural e integridade nas escavações. O Conselho Supremo de Antiguidades agora aprova e supervisiona todas as escavações, que visam encontrar informações ao invés de tesouros. O conselho também supervisiona os museus e programas de reconstrução de monumentos concebidos para preservar o legado histórico do Egito.337

Notas

  1. Ir para cima Paletas cosméticas eram artefatos utilizados para moer e aplicar ingredientes para cosméticos faciais ou corporais.
  2. Ir para cima Os escribas, os únicos capazes de ler os hieróglifos, durante seus estudos da escrita hieroglífica, podiam optar entre o trabalho burocrático ou o sacerdócio. Neste ponto histórico os serviços burocráticos não mais convinham aos mesmos e, concomitantemente, com o declínio do sistema religioso egípcio, os escribas paulatinamente deixaram de existir o que inviabilizou a leitura dos hieróglifos.82
  3. Ir para cima Posteriormente foi conhecido como "Amon-Rá" após ser fundido com o deus Amon.211

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