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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Conquista árabe

Mapa detalhando a rota dos invasores muçulmanos do Egito.
Em 639, Amr ibn al-As, um general árabe, à frente de um exército de 4 000 homens ataca o Egito bizantino durante o expansionismo árabe do século VII. Inicialmente toma Mênfis e toma o controle das principais rotas de comunicação terrestre, o que lhe abre caminho para a capital da província, Alexandria. Após tais vitórias, seu exército recebe reforços de soldados que se interessaram pelo butim, alcançando cerca de 20 000 homens. Amr estabeleceu seu acampamento nas imediações da cidade de Heliópolis (local onde posteriormente seria fundada a cidade do Cairo) de onde pode enviar suas tropas de assédio à cidade. Em 640 sitia Alexandria. A cidade é defendida por uma força de cerca de 50 000 homens, no entanto, em 642 a força bizantina rende-se, abandonando seus postos e permitindo a dominação da cidade. Os bizantinos reocupam a cidade em 645, no entanto, são novamente repelidos em 646.135
Após a submissão do Egito, a resistência dos nativos perante a ocupação árabe começou a materializar-se, tendo durado até ao século IX. Os árabes impuseram um imposto especial aos egípcios cristãos, o jizya.136 No século VII d.C. os árabes começam a empregar o termo quft para descrever o povo do Egito. Desta forma os egípcios passaram a ser conhecidos como coptas, e a Igreja Egípcia Não-Calcedônia tornou-se a Igreja Copta. Nos séculos seguintes, de forma gradual, os habitantes do Egito foram arabizados e islamizados, de modo que a identidade nativa e a língua egípcia sobreviveram apenas entre os coptas, que falavam a língua copta, uma descendente direta do egípcio demótico falado na época romana.137

Geografia

Embarcação egípcia retratada em baixo relevo.
A civilização egípcia se desenvolveu na região situada entre a primeira catarata do Nilo (Assuão) e o Delta do Nilo. O Sinai, que só pertenceu ao Egito após sua conquista no Império Novo, foi utilizado como rota de comunicação para o corredor sírio-palestino, que a rigor seria a faixa de terra litorânea que liga o Egito à Mesopotâmia. A leste do Nilo encontra-se o Deserto Oriental Africano (comumente conhecido como Deserto Oriental) que se estende até ao Mar Vermelho e a oeste fica o Deserto da Líbia (comumente conhecido como Deserto Ocidental) onde existem vários oásis dos quais se destacam os de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e Bahareia. O atual território do Egito não pode ser comparada ao do Antigo Egito, pois, atualmente, o Sinai, e partes dos desertos Oriental e Ocidental estão dentro dos limites do Egito.138 139
Ao sul da primeira catarata se localizava a Núbia.138 O Nilo é formado por dois afluentes principais, o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e o Nilo Azul (que nasce no Lago Tana). Ambos os afluentes unem-se em Cartum.140 O Nilo corre de sul para norte, desaguando no Mar Mediterrâneo e sua extensão é de aproximadamente 6 740 km.12
No Antigo Egito distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egito e o Baixo Egito. Inicialmente o Alto e Baixo Egito eram reinos distintos que haviam se formado em torno de 3 300 a.C. No entanto, acabaram por ser unificados poucos séculos depois. O Alto Egito (Ta-chemau) era uma estreita faixa de terra com cerca de 900 km de extensão começando em Assuão e terminando em Mênfis. O Baixo Egito (Ta-mehu) foi o Delta do Nilo, a norte de Mênfis, onde o rio se dividia em vários braços. Por vezes também se distingue na geografia egípcia uma região conhecida como o Médio Egito, que é o território a norte de Qena até à região do Faium.138

Vale do rio Nilo

O historiador grego Heródoto (c, 484?-420 a.C.), chamou ao Egito "a dádiva do Nilo".141 Para os egípcios, o Nilo era uma verdadeira bênção dos deuses,142 sendo considerado sagrado e adorado como um deus, ao qual dedicavam hinos e orações. As chuvas sazonais causavam enchentes que depositavam húmus nas margens favorecendo a agricultura e pecuária; também fornecia água fresca, peixes, aves aquáticas além de servir para o transporte e comércio.143 Como o nível do rio era inconstante os egípcios desenvolveram diques, barragens e canais de água para melhor aproveitarem as águas do rio, assim como o "nilômetro", uma construção usada para medir as enchentes.144 Durante o período das enchentes os cidadãos eram deslocados para as cidades para trabalharem em outras tarefas.138
O meio mais fácil e rápido de viajar e transportar cargas pesadas era através de embarcações de diversos tamanhos que possuíam, no geral, remos presos a proa.145 As embarcações usadas para transporte de cargas pesadas eram construídas com madeira do Líbano; as de transporte de pessoas, caça e pesca eram de junco; as barcaças reais e as usadas para o transporte de estatuetas de deuses possuíam cabines, e eram decoradas com muitas cores e ouro encrustado. O Nilo corre de sul para norte, mas o vento sopra geralmente de norte para sul, pelo que a navegação para para norte tem a corrente a seu favor e a navegação para sul é feita a favor do vento, o que era é aproveitado para utilizar velas. No entanto, na ausência de vento causava, a única forma de navegar para sul é remar contra a corrente.138

Demografia

Estereótipo egípcio.
Os antigos egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram no Egito ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica. A questão relativa à etnia dos antigos egípcios é por vezes geradora de controvérsia, embora à luz dos últimos conhecimentos da ciência falar de raças humanas revela-se um anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica, os antigos egípcios eram considerados praticamente como brancos; a partir dos anos 1950, as teorias do "afrocentrismo", segundo as quais os egípcios eram negros, afirmaram-se em alguns círculos. Importa também referir que as representações artísticas são frequentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste domínio.146
Os egípcios tinham consciência da sua alteridade: nas representações artísticas dos túmulos os habitantes do Vale do Nilo surgem com roupas de linho branco, enquanto que os seus vizinhos líbios e semitas se apresentam com roupas de . A língua dos egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego clássico) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego).147
O número de habitantes do Antigo Egito variou ao longo da história. Durante o período pré-dinástico (4 500-3 000 a.C.) a população rondaria as centenas de milhares; durante o Império Antigo (séculos XVII-XII a.C.) situar-se-ia nos dois milhões, atingindo os quatro milhões por altura do Império Novo. Quando o Egito se tornou uma província romana estima-se que a população seria cerca de sete milhões. Como atualmente, a esmagadora maioria da população habitava as terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto.148 149

Governo

Administração

O faraó era geralmente representado usando símbolos da realeza e de poder.
O faraó era o monarca absoluto do país e, pelo menos em teoria, exercia o controle total da terra e seus recursos.150 Era o comandante militar supremo e chefe do governo, que contava com uma burocracia de funcionários para administrar os seus negócios. O encarregado da administração, o vizir (tjati), era o segundo no comando, e atuava como conselheiro e representante do faraó, coordenava os levantamentos fundiários, tesouraria, projetos de construção, sistema legal e depósito de documentos.151 A nível regional, o país estava dividido em 42 regiões administrativas chamadas nomos, cada uma governada por um nomarca,152 que era responsável pela jurisdição do vizir. Os templos formavam a espinha dorsal da economia. Eles não só eram edifícios de culto, mas também eram responsáveis por coletar e armazenar a riqueza da nação em um sistema de celeiros e tesourarias administradas por superintendentes, que redistribuíam os cereais e os bens.153 Como não era possível para o faraó estar em todos os templos para realizar as cerimônias, ele delegava o seu poder religioso aos sacerdotes, que conduziam as cerimônias em seu nome.154

Sistema jurídico

A cabeça do sistema jurídico era oficialmente o faraó, que era responsável pela promulgação de leis, aplicação da justiça e manutenção da lei e da ordem, um conceito que os egípcios antigos denominavam Ma'at. Apesar de não terem chegado aos nossos dias quaisquer códigos legais do Antigo Egito, documentos da corte mostram que as leis egípcias foram baseadas em uma visão de senso comum de certo e errado, que enfatizou a celebração de acordos e resoluções de conflitos ao invés de cumprir rigorosamente um conjunto complicado de estatutos.155 Conselhos locais de anciãos, conhecidos como Kenbet no Império Novo, eram responsáveis pela decisão em casos judiciais de pequenas causas e disputas menores.151 Os casos mais graves envolvendo assassinato, grandes transações de terrenos e roubo de túmulos eram encaminhados para o Grande Kenbet, presidido pelo vizir ou pelo faraó. Os demandantes e demandados representavam-se a si próprios e eram obrigados a jurar que diziam a verdade. Em alguns casos, o Estado assumiu tanto o papel de acusador como o de juiz, e tinha poder para torturar os acusados com espancamento para obter uma confissão e os nomes dos co-conspiradores. Se as acusações fossem sérias, escribas da corte documentavam a denúncia, testemunhavam, e o veredicto do caso era guardado para referência futura.156
As punições para crimes menores envolviam imposição de multas, espancamentos, mutilações faciais ou exílio, dependendo da gravidade do delito. Crimes graves, como homicídio e roubo de túmulos, eram punidos com execução por decapitação, afogamento ou empalamento. A punição também podia ser estendida à família do criminoso.151 A partir do Império Novo, os oráculos desempenharam um papel importante no sistema jurídico, dispensando a justiça nos processos civis e criminais. O processo consistia em pedir a deus um "sim" ou "não" sobre o que era certo ou errado num problema. O deus, transportado por um número de sacerdotes, proferia a sentença, escolhendo um ou outro, movendo-se para a frente ou para trás, ou apontando para uma das respostas escritas em um pedaço de papiro ou de óstraco

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