Etimologia
Os egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum era Kemet, "a Terra Negra" ou "Terra Fértil", que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todos os anos.12 13 Decheret, "Terra Vermelha", referia-se aos desertos que circundavam o Nilo, onde os egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem pedras e metais preciosos. Também poderiam chamá-la Taui ( "as Duas Terras", ou seja, o Alto e o Baixo Egito), Ta-meri ("Terra Amada") ou Ta-netjeru ("A Terra dos Deuses"). Na Bíblia o Egito é denominado Misraim. A actual palavra Egito deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Het-Ka-Ptah, "a mansão da alma de Ptah".14 15Os habitantes atuais do Egito dão o nome Misr ao seu país, uma palavra que em árabe pode também significar "país", "fortaleza" ou "acastelado". Segundo a tradição, Misr é o nome usado no Alcorão para designar o Egito, e o termo pode evocar as defesas naturais de que o país sempre dispôs. Outra teoria é que Misr deriva da antiga palavra Mizraim, que por sua vez deriva de md-r ou mdr, usada pelos locais para designar o seu país.16
História
No final do período paleolítico, o clima árido do Norte da África tornou-se cada vez mais quente e seco, forçando as populações da área a se concentrarem ao longo do Vale do Nilo, cuja fertilidade assegura o sustento do Egito desde os tempos dos caçadores e coletores nômades do Pleistoceno Médio (ca. 780-120 mil anos atrás) até à atualidade.17 A planície fértil do Nilo deu aos homens a oportunidade de desenvolver uma economia agrícola sedentária e uma sociedade mais sofisticada e centralizada que se tornou um marco na história da civilização humana.18Período pré-dinástico

Na cultura Maadiana (3 800-3 200 a.C.) se verificou o surgimento dos primeiros cemitérios bem definidos33 assim como de um intenso comércio: importavam produtos do Oriente Médio (madeira de cedro,34 nódulos de sílex, cerâmica, ferramentas de pedra, resinas, óleos, vinho, cobre, basalto), Alto Egito (pentes, cerâmica, marfim, paletas cosméticasnt 1 , cabeças de clava) e Deserto Oriental (malaquita, manganês, cornalina, conchas, pérolas); exportavam cerâmica, conchas e cereais para o Oriente, cobre, basalto e sílex para o Alto Egito.35 Sítios como Saís e Buto tornaram-se centros de propagação cultural.36 A Cultura Naqada (4 000-3 000 a.C.) foi caracterizada pelo surgimento de elites regionais mercantis centradas em grandes centros de poder (Naqada, Hieracômpolis, Gebelein, Abadiya, Abidos). Tais centros evoluíram para estados regionais belicosos que disputaram entre si o poder, terras mais férteis e controle das rotas comerciais.37 38 39 Possivelmente estes estados regionais delinearam a divisão administrativa egípcia conhecida como nomos.40 41 42 Durante os 1 000 anos de existência da cultura Naqada os centros regionais variaram em tamanho e poder: em Naqada I o maior centro era Naqada; em Naqada II (3 500-3 200 a.C.) era Hierakonpolis; em Naqada III (3 200-3 000 a.C.) era Abidos/Tinis.43 44 45 46 31 47 Esses centros tiveram cemitérios relacionados onde as elites eram sepultadas com rico espólio tumular.48 49 50 No final de Naqada II e durante Naqada III surgem as primeiras evidências de líderes regionais e, posteriormente, dos primeiros faraós.51 23
A cultura Naqada fabricou uma gama diversificada de bens materiais, reflexo do crescente poder e riqueza da elite: vasos (em basalto, marfim, cobre, osso e cerâmica), adereços pessoais (em osso, lápis-lazúli, conchas, faiança, madeira, ouro, prata e cobre), paletas cosméticas zoomórficas e antropomórficas (em grauvaque e ardósia), esteatita vítrea, figuras antropomórficas e zoomórficas (em marfim e terracota), cabeças de clava discoides e depois em forma de pera;48 52 esferas de ferro meteorítico são os mais antigos exemplos do uso de ferro no mundo.53 54 55 56 57 Durante Naqada I os primeiros exemplos de habitações construídas com tijolos são evidentes.58 59 60 61
Durante o período naqadano algumas transformações sócio-econômicas importantes são evidentes: intensa importação (obsidiana, cobre, vasos, lápis-lazúli, marfim, ébano, incenso, pele de gatos selvagens, óleos, pedras e conchas) e exportação (alabastro, contas de ouro, faiança, lâminas, amuletos de "cabeças bovídeas") de produtos;62 63 50 64 65 surgimento de costumes religiosos (uso de estelas e sarcófagos) assim como alguns deuses do panteão egípcio (Hórus, Bat, Seth, Nekhbet e Min);66 criação da escrita hieroglífica (possivelmente baseada na escrita mesopotâmica67 );68 69 arte e iconografia, ambas representadas em paletas cosméticas.70
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