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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Império Novo

Os faraós do Império Novo estabeleceram um período de prosperidade sem precedentes, ao assegurar as fronteiras e reforçar os laços diplomáticos com seus vizinhos. Campanhas militares levadas a cabo sob o comando de Tutmés I e seu neto Tutmés III, alargaram a influência dos faraós para o maior império que o Egito já havia visto.100 Quando Tutmés morreu em 1 425 a.C., o Egito prolongava-se desde Niya no norte da Síria até à quarta catarata do Nilo, na Núbia, cimentando fidelidades e abrindo caminho para importações essenciais como bronze e madeira.101 Os faraós do Império Novo iniciaram uma campanha de construção em grande escala para promover o deus Amon, com culto assente em Karnak.95 Também construíram monumentos para glorificar suas próprias realizações, tanto reais como imaginárias. A faraó Hatchepsut usou tais meios como propaganda para legitimar sua pretensão ao trono.102 Seu reinado bem sucedido foi marcado por expedições comerciais a Punt, um elegante templo mortuário, um par de obeliscos colossais e uma capela em Karnak. Apesar de suas realizações, o sobrinho e enteado de Hatchepsut, Tutmés III tentou fazer desaparecer o seu legado perto do fim de seu reinado, possivelmente em represália pela usurpação do seu trono.103
As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel.
Sob Tutmés IV (1 397-1 388 a.C.) o Egito realizou uma aliança com Mitanni para empreender ataques contra os hititas. Com Amenófis III foram edificados os templos de Luxor, o palácio de Malaqata e o Templo de Milhões de Anos, do qual atualmente só restam os conhecidos "Colossos de Memnon", além do templo de Amon em Karnak ter sido ampliado.104 Durante seu reinado, colheitas férteis e excedentes, permitiram a Amenófis III assegurar relações com os reinos orientais e com os nobres das cidades sírio-palestinas por meio de acordo diplomáticos, alguns dos quais envolvendo casamentos reais. Cerca de 1 350 a.C., a estabilidade do Império Novo foi ameaçada quando Amenófis IV subiu ao trono e instituiu uma série de reformas radicais e caóticas. Após mudar o seu nome para Aquenáton (O Esplendor de Aton), decretou como a divindade suprema o até aí obscuro deus Sol Aton, suprimindo o culto de outras divindades e atacando o poder religioso instalado.105 Mudando a capital para a nova cidade de Aquetaton (Horizonte de Áton, atual Amarna), Aquenáton tornou-se desatento aos negócios estrangeiros, deixando-se absorver pela devoção a Aton e pela sua personalidade de artista e pacifista.100 Durante seu reinado as relações comerciais com o Mar Egeu (minoicos e micênios) são cortadas e os hititas começam a fazer perigar a soberania egípcia na Síria.106 Após sua morte, o culto de Aton foi rapidamente abandonado, e os faraós Tutancâmon, Ay e Horemheb apagaram todas as referências à heresia de Aquenáton, agora conhecida como Período Amarna.107
Fragmentos do tratado de paz entre os egípcios e hititas.
Sob Seti I, o Egito controlou revoltas e conquistou a cidade de Kadesh e a região vizinha de Amurru, ambas localidades palestinianas. Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande ascendeu ao trono por volta de 1 279 a.C., prosseguindo a construção de um número significativo de templos, estátuas e obeliscos; foi o faraó com a maior quantidade de filhos da história (110 filhos).108 Transferiu a capital do império de Tebas para Pi-Ramsés no Delta Oriental. Ousado líder militar, Ramsés II comandou o seu exército contra os hititas na Batalha de Kadesh em 1 274 a.C. e depois de um impasse, assinou em 1 258 a.C.109 o primeiro tratado de paz da história, conhecido como Tratado de Kadesh, onde ambas as nações comprometiam-se a se ajudar mutuamente contra inimigos internos ou externos.100 O tratado foi selado com o casamento de Ramsés II e a filha mais velha do imperador Hatusil III.110
A riqueza do Egito fez dele um alvo tentador para uma invasão, em especial de líbios e dos chamados povos do mar. No reinado de Merenptah ambos os povos se aliaram com o objetivo de atacar o Egito, incitando também os núbios à revolta. Com a sequente derrota dos invasores, os revoltosos acabariam por ser suplantados. Durante o reinado de Ramsés III o faraó conseguiu expulsar os povos do mar para fora do Egito em duas grandes batalhas, no entanto, eles acabariam por assentar na costa palestina e durante o reinado de seus sucessores tomariam por completo a região.100 Entretanto é importante lembrar que o Egito não estava enfrentando apenas problemas externos. Após a morte de Ramsés II e a subida ao trono de seu filho Merenptah, a instabilidade política assolou o Egito.100 Diversos golpes de Estado depuseram muitos faraós em pouco tempo e diversos distúrbios civis, corrupção, revoltas de trabalhadores e roubos de túmulos contribuíram para a instabilidade interna. Como forma de ganhar popularidade, durante o início da XX dinastia foram concedidas terras, tesouros e escravos para os sacerdotes dos templos de Amon, o que fortaleceu o poder destes,111 e esse poder crescente fragmentou o país durante o Terceiro Período Intermediário.112

Terceiro Período Intermediário

Por volta de 730 a.C., líbios vindos do oeste fragmentaram a unidade política do país.
Após a morte de Ramsés XI em 1 070 a.C., Smendes assumiu a autoridade sobre a parte norte do Egito governando a partir da cidade de Tânis. O sul foi de facto controlado pelos sumos sacerdotes de Amon em Tebas, que reconheciam Smendes apenas formalmente.113 O sacerdote Piankh conseguiu deter a expansão do reino de Cuche que havia dominado boa parte do Alto Egito.114
Na mesma época, os líbios tinham se instalado no Delta Ocidental, e os líderes destes colonos começaram a ganhar autonomia. Os príncipes líbios assumiram o controle do delta no reinado de Shoshenk I em 945 a.C., fundando a dinastia chamada Líbia ou Bubastilas, que governaria por cerca de 200 anos. Shoshenk também ganhou o controle do sul do Egito, ao colocar os seus familiares em importantes cargos sacerdotais. Invadiu a Palestina durante o reinado do rei Roboão e restaurou o comércio com Biblos, aumentando a prosperidade da dinastia.114
Sob Osorkon II, o Egito auxiliando os reinos sírio-palestinos repudiou as primeiras expedições assírias. As muitas guerras civis que se seguiram causaram a divisão do Egito em várias dinastias. O poder líbio entrou em declínio à medida que duas dinastias rivais surgiram, uma centrada em Leontópolis (XIII dinastia) e outra em Saís (XXIV dinastia). No entanto, a constante ameaça cuchita do sul forçou a união das três dinastias com vista à sua defesa. Por volta de 727 a.C., o rei cuchita Pié derrotou um exército de oito mil soldados egípcios, invadiu o norte, tomou o controle de Tebas e do Delta, e formou a XXV dinastia.114 115
O prestígio secular do Egito diminuiu consideravelmente durante o final do Terceiro Período Intermediário. Os seus aliados estrangeiros ficaram sob a esfera de influência assíria, e em 700 a.C. a guerra entre os dois estados tornou-se inevitável. O faraó Chabataka empreendeu uma batalha contra os assírios da qual sairia vitorioso. O seu sucessor, Taharka, incentivou revoltas na Palestina assíria, tendo conseguido expulsar os assírios das imediações em 673 a.C.114 No entanto, entre 671 e 667 a.C., os assírios iniciaram ataques contra o Egito. Os reinados dos reis cuchitas Taharka e do seu sucessor Tanutamon foram marcados por conflitos constantes com os assírios, contra os quais os governantes núbios obtiveram várias vitórias.116 Por fim, os assírios empurraram os cuchitas para a Núbia, ocupando Mênfis e saquearam os templos de Tebas.117

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