Império Novo

Sob Tutmés IV (1 397-1 388 a.C.) o Egito realizou uma aliança com Mitanni para empreender ataques contra os hititas. Com Amenófis III foram edificados os templos de Luxor, o palácio de Malaqata e o Templo de Milhões de Anos, do qual atualmente só restam os conhecidos "Colossos de Memnon", além do templo de Amon em Karnak ter sido ampliado.104 Durante seu reinado, colheitas férteis e excedentes, permitiram a Amenófis III assegurar relações com os reinos orientais e com os nobres das cidades sírio-palestinas por meio de acordo diplomáticos, alguns dos quais envolvendo casamentos reais. Cerca de 1 350 a.C., a estabilidade do Império Novo foi ameaçada quando Amenófis IV subiu ao trono e instituiu uma série de reformas radicais e caóticas. Após mudar o seu nome para Aquenáton (O Esplendor de Aton), decretou como a divindade suprema o até aí obscuro deus Sol Aton, suprimindo o culto de outras divindades e atacando o poder religioso instalado.105 Mudando a capital para a nova cidade de Aquetaton (Horizonte de Áton, atual Amarna), Aquenáton tornou-se desatento aos negócios estrangeiros, deixando-se absorver pela devoção a Aton e pela sua personalidade de artista e pacifista.100 Durante seu reinado as relações comerciais com o Mar Egeu (minoicos e micênios) são cortadas e os hititas começam a fazer perigar a soberania egípcia na Síria.106 Após sua morte, o culto de Aton foi rapidamente abandonado, e os faraós Tutancâmon, Ay e Horemheb apagaram todas as referências à heresia de Aquenáton, agora conhecida como Período Amarna.107
Sob Seti I, o Egito controlou revoltas e conquistou a cidade de Kadesh e a região vizinha de Amurru, ambas localidades palestinianas. Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande ascendeu ao trono por volta de 1 279 a.C., prosseguindo a construção de um número significativo de templos, estátuas e obeliscos; foi o faraó com a maior quantidade de filhos da história (110 filhos).108 Transferiu a capital do império de Tebas para Pi-Ramsés no Delta Oriental. Ousado líder militar, Ramsés II comandou o seu exército contra os hititas na Batalha de Kadesh em 1 274 a.C. e depois de um impasse, assinou em 1 258 a.C.109 o primeiro tratado de paz da história, conhecido como Tratado de Kadesh, onde ambas as nações comprometiam-se a se ajudar mutuamente contra inimigos internos ou externos.100 O tratado foi selado com o casamento de Ramsés II e a filha mais velha do imperador Hatusil III.110
A riqueza do Egito fez dele um alvo tentador para uma invasão, em especial de líbios e dos chamados povos do mar. No reinado de Merenptah ambos os povos se aliaram com o objetivo de atacar o Egito, incitando também os núbios à revolta. Com a sequente derrota dos invasores, os revoltosos acabariam por ser suplantados. Durante o reinado de Ramsés III o faraó conseguiu expulsar os povos do mar para fora do Egito em duas grandes batalhas, no entanto, eles acabariam por assentar na costa palestina e durante o reinado de seus sucessores tomariam por completo a região.100 Entretanto é importante lembrar que o Egito não estava enfrentando apenas problemas externos. Após a morte de Ramsés II e a subida ao trono de seu filho Merenptah, a instabilidade política assolou o Egito.100 Diversos golpes de Estado depuseram muitos faraós em pouco tempo e diversos distúrbios civis, corrupção, revoltas de trabalhadores e roubos de túmulos contribuíram para a instabilidade interna. Como forma de ganhar popularidade, durante o início da XX dinastia foram concedidas terras, tesouros e escravos para os sacerdotes dos templos de Amon, o que fortaleceu o poder destes,111 e esse poder crescente fragmentou o país durante o Terceiro Período Intermediário.112
Terceiro Período Intermediário

Na mesma época, os líbios tinham se instalado no Delta Ocidental, e os líderes destes colonos começaram a ganhar autonomia. Os príncipes líbios assumiram o controle do delta no reinado de Shoshenk I em 945 a.C., fundando a dinastia chamada Líbia ou Bubastilas, que governaria por cerca de 200 anos. Shoshenk também ganhou o controle do sul do Egito, ao colocar os seus familiares em importantes cargos sacerdotais. Invadiu a Palestina durante o reinado do rei Roboão e restaurou o comércio com Biblos, aumentando a prosperidade da dinastia.114
Sob Osorkon II, o Egito auxiliando os reinos sírio-palestinos repudiou as primeiras expedições assírias. As muitas guerras civis que se seguiram causaram a divisão do Egito em várias dinastias. O poder líbio entrou em declínio à medida que duas dinastias rivais surgiram, uma centrada em Leontópolis (XIII dinastia) e outra em Saís (XXIV dinastia). No entanto, a constante ameaça cuchita do sul forçou a união das três dinastias com vista à sua defesa. Por volta de 727 a.C., o rei cuchita Pié derrotou um exército de oito mil soldados egípcios, invadiu o norte, tomou o controle de Tebas e do Delta, e formou a XXV dinastia.114 115
O prestígio secular do Egito diminuiu consideravelmente durante o final do Terceiro Período Intermediário. Os seus aliados estrangeiros ficaram sob a esfera de influência assíria, e em 700 a.C. a guerra entre os dois estados tornou-se inevitável. O faraó Chabataka empreendeu uma batalha contra os assírios da qual sairia vitorioso. O seu sucessor, Taharka, incentivou revoltas na Palestina assíria, tendo conseguido expulsar os assírios das imediações em 673 a.C.114 No entanto, entre 671 e 667 a.C., os assírios iniciaram ataques contra o Egito. Os reinados dos reis cuchitas Taharka e do seu sucessor Tanutamon foram marcados por conflitos constantes com os assírios, contra os quais os governantes núbios obtiveram várias vitórias.116 Por fim, os assírios empurraram os cuchitas para a Núbia, ocupando Mênfis e saquearam os templos de Tebas.117
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